Ueslei Marcelino/Reuters
Tchau, querida: para o jornal argentino Clarín, a frase de despedida simboliza o jugamento político de Dilma
São Paulo — A imprensa estrangeira foi rápida ao noticiar a aprovação do processo de impeachment de Dilma Rousseff
na Câmara. Os principais noticiários online destacam a falta de
habilidade política de Dilma e seu envolvimento no escândalo do Petrolão. Veja o que dizem alguns dos principais noticiários de outros países:
The Guardian
O jornal londrino The Guardian
diz que a presidente Dilma Rousseff “sofreu uma derrota arrasadora
neste domingo quando um Congresso hostil e manchado pela corrupção votou
a favor de seu impeachment”.
“Quando o crucial 342º voto foi anunciado a favor do impeachment, a
Câmara explodiu em comemoração e ‘Eu sou brasileiro’, o mantra do
futebol, virou o hino do protesto antigoverno”, relata o Guardian.
Clarín
O principal jornal argentino, o Clarín, destaca: “Voto absolutamente contrário a Dilma a deixa muito próxima de sua destituição.”
“Em uma sessão-maratona, os deputados opositores conseguiram ultrapassar
o número necessário para aprovar o impeachment da presidente. Agora, o
processo vai ao Senado”, prossegue o noticiário.
Os argentinos ainda observam: “A minutos do início da votação na
Câmara, uma frase simples definia a essência do juízo político contra a
presidente: ‘Tchau querida’”.
The New York Times
Como o Guardian, o nova-iorquino New York Times observa que a votação na Câmara foi uma derrota arrasadora para Dilma e seu Partido dos Trabalhadores.
O noticiário diz que o partido “era, anteriormente, um bando de
agitadores de esquerda que combateram o regime militar nos anos 80.
Conquistou o poder em 2002 com a eleição de um de seus fundadores, Luís
Inácio Lula da Silva, para a presidência”.
“Uma ex-guerrilheira marxista, Dilma nunca havia ocupado qualquer cargo
eletivo. Críticos dizem que sua falta de habilidade política minou a
possibilidade de ela trabalhar com membros da oposição no Congresso e
também com elementos de sua coalisão de governo”, prossegue o Times.
Le Monde
O diário parisiense Le Monde
dedica um longo artigo a Dilma Rousseff. “Essa filha de um advogado
comunista de origem búlgara, trabalhadora e determinada, já está com um
pé fora do palácio presidencial neste domingo, 17 de abril, depois do
voto dos deputados a favor de seu impeachment”, diz.
O Monde destaca a relação de Dilma com a corrupção na Petrobras: “A
presidente, que pertence ao Partido dos Trabalhadores (PT, de esquerda),
foi afetada pelos acontecimentos e, em particular, pela investigação
Lava-Jato, que revelou um escândalo tentacular na petroleira estatal
Petrobras”.
“Ministra das minas e energia de 2003 a 2005 e presidente do conselho de
administração da gigante do petróleo, Dilma dificilmente poderia alegar
que não sabia o que se passava lá”, prossegue.
Washington Post
Ao noticiar a aprovação do impeachment na Câmara, o Washington Post cita Brian Winter, estudioso americano especialista em Brasil. Sua visão sobre a situação atual do país não é otimista:
“A economia brasileira está em sua pior recessão nos últimos 80 anos em
boa parte por causa dos erros de Dilma. Mas é difícil ver como esse
impeachment — em circunstâncias duvidosas, por um Congresso tão
impopular quanto ela — vai levar a uma solução em curto prazo”, diz ele.
“A economia brasileira precisa de um líder forte para aprovar uma nova
onda de reformas, sair da confusão atual e voltar ao caminho onde estava
na década passada, quando impressionou o mundo”, completa Winter.
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