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sábado, 7 de setembro de 2013

Dilma 'exige' transparência dos EUA para manter visita


Atualizado em  6 de setembro, 2013 - 12:14 (Brasília) 15:14 GMT
Barack Obama e Dilma Rousseff (Foto Getty Image)
Barack Obama e Dilma Rousseff: encontro em meio a mal-estar criado por caso de espionagem
A presidente Dilma Rousseff condicionou sua visita oficial aos Estados Unidos, programada para outubro, a ações que a Casa Branca teria de tomar, segundo Brasília, em resposta ao escândalo desatado pelas denúncias de que mensagens da Presidência brasileira teriam sido monitoradas pela Agência Nacional de Segurança americana (NSA).
Dilma encontrou-se o com o presidente dos EUA, Barack Obama, na noite de quinta-feira, durante a reunião de Cúpula do G20 em São Petersburgo, na Rússia.
Ela diz ter exigido do presidente americano que Washington abra "tudo" o que tem sobre o Brasil. "Eles vão me informar o tamanho do rombo", disse a presidente no início da tarde desta sexta-feira no aeroporto de São Petersburgo, antes de embarcar de volta a Brasília. "Quero saber tudo o que há sobre o Brasil. Acho complicado ficar sabendo dessas coisas pelos jornais."
De acordo com Dilma, Obama teria assumido a "responsabilidade direta e pessoal" pelas investigações sobre as ações de espionagem, comprometendo-se tanto com a apuração das denúncias quanto com a adoção de medidas que o governo brasileiro ache necessárias.
O presidente americano também teria manifestado disposição em criar "condições políticas" para a visita de outubro. "Minha viagem depende dessas condições políticas", afirmou Dilma.
Em entrevista coletiva nesta sexta na Rússia, Obama disse levar as alegações de espionagem "muito a sério", que vai trabalhar com os governos de Brasil e México (que também teria sido espionado) para "resolver essa fonte de tensão" e que considera "dar um passo atrás e rever" o trabalho dos serviços de inteligência dos EUA.
"Não é só porque temos a possibilidade de obter uma informação que devemos consegui-la. Pode haver custos e benefícios de fazer certas coisas, e temos que pesar isso", disse. E agregou que o episódio não supera "a grande quantidade de interesses que compartilhamos com esses países (Brasil e México)".
"Há um motivo pelo qual fui ao Brasil e convidei a presidente aos EUA. O Brasil é um país incrivelmente importante, uma incrível história de sucesso de transição de um governo autoritário à democracia, uma das economias mais dinâmicas do mundo e, para as duas maiores economias do hemisfério, ser aliados só traz bem aos seus povos", declarou Obama.
Os dois líderes teriam acertado que até quarta-feira será feito um contato entre o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, e a assessora para Assuntos de Segurança dos EUA, Susan Rice, para que o governo americano apresente formalmente sua proposta de resposta ao escândalo.
Se necessário, os próprios presidentes também voltariam a se falar.
A partir dessa apresentação formal, o governo brasileiro avaliará se mantém ou não a visita. Dilma não estabeleceu, porém, nenhum prazo para que a decisão final seja tomada.

Tema global

A presidente brasileira também contou que manifestou a Obama sua "indignação" com as denúncias sobre o monitoramento de suas mensagens.
Segundo ela, o tipo de relação que os dois países mantinham era incompatível com atos de espionagem e estes colocaram em risco "interesses econômicos do Brasil, a soberania do país e direitos civis": "É estarrecedor por se tratar de um país que tem na sua Constituição a proteção às liberdades civis", disse. "É gravíssimo espionar um pais democrático, não há como alguém possa defender isso."

Jantar do G20 (Foto Reuters)
Jantar entre líderes do G20: questões políticas minaram clima de encontro
Dilma também teria reiterado que seu governo pretende ir a fóruns internacionais como a ONU para propor mudanças na governança da internet. Ela defendeu que o tema precisa ser tratado de forma global, porque "extravasa a relação bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos".
"Todos os países estão ameaçados de estarem sendo ou terem sido espionados", afirmou.
"O que ocorreu com o Brasil é um fato gravíssimo porque o Brasil é uma forte, sólida e grande democracia, que convive há mais de 140 anos em harmonia com os vizinhos. Não tem conflitos étnicos e religiosos e não abriga grupos terroristas. Isso joga por terra qualquer justificativa de que tais atos de espionagem seriam (realizados) para combater o terrorismo."

Casa Branca

O encontro entre Dilma e Obama também foi comentado, ainda que com menos detalhes, pelo vice-assessor de Segurança Nacional americano, Ben Rhodes, que afirmou que seu país "entende o quão importante o tema é para os brasileiros".
"Entendemos a força do sentimento deles sobre isso", afirmou. "Nós nos focamos em deixar claro - para que os brasileiros entendam - exatamente qual a natureza de nossos esforços de inteligência."
Segundo Rhodes, o governo americano trabalhará com o brasileiro para solucionar a questão "por meio de canais diplomáticos e de inteligência".
O presidente do México, Enrique Peña Nieto, que também teria sido vítima da espionagem da NSA, segundo os documentos divulgados pelo jornalista americano Glenn Greenwald, afirmou que os Estados Unidos precisarão apresentar medidas fortes para tentar desfazer os danos causados às relações bilaterais pelo caso.
"O governo mexicano pediu aos Estados Unidos que conduzam uma investigação plena sobre quem é responsável pela espionagem, se ela realmente aconteceu", afirmou Peña Nieto em uma entrevista à TV russa.
O líder mexicano disse ter questionado Obama sobre "ações que o governo americano poderia tomar para estabelecer essa investigação": "Algumas medidas precisam ser tomadas, precisa haver consequências".

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