Atualizado em 16 de outubro, 2012 - 11:29 (Brasília) 14:29 GMT
A Grã-Bretanha negou nesta
terça-feira o pedido de extradição do hacker escocês Gary McKinnon, de
46 anos, aos Estados Unidos, onde enfrentaria uma potencial condenação
de até 60 anos de prisão por invadir as redes de computadores do
Pentágono e da Nasa e causar prejuízos equivalentes a R$ 1,6 milhão.
Ele foi preso em 2002, após ser acusado de ter causado cerca de US$ 800 mil em prejuízos ao governo americano pelos danos aos sistemas de computadores das Forças Armadas - considerado o pior ataque do tipo na história do país. Na época, 300 computadores de uma estação militar ficaram imobilizados, pouco depois de os EUA terem passado pelos atentados de 11 de Setembro.
McKinnon acompanhou o caso em liberdade condicional.
Em julho de 2010, em sua primeira visita aos EUA como recém-eleito premiê britânico, David Cameron chegou a debater o assunto com o presidente Barack Obama.
"Confio que este assunto será resolvido de uma forma que leve em conta a seriedade do tema. Trabalhamos em parceria e podemos achar uma solução apropriada", disse o americano na época.
De acordo com a decisão desta terça-feira, permanece aberta a possibilidade de que McKinnon seja julgado em cortes britânicas, o que deve ser anunciado por procuradores em breve.
O escocês admite os ataques, mas diz que estava procurando por evidências da existência de alienígenas. Ele vinha apelando pela não extradição às cortes britânicas durante os últimos dez anos.
Regras de extradição
Diante dos parlamentares britânicos, Theresa May disse ainda que deve alterar as regras do acordo de extradição entre a Grã-Bretanha e os Estados Unidos, de forma a permitir que a Justiça britânica possa decidir se um acusado deverá ser julgado em território britânico ou no exterior e agilizar as decisões.Para o analista de assuntos legais da BBC, Clive Coleman, a medida é histórica, já que esta é a primeira vez que um secretário do Interior britânico decide intervir em um processo de extradição desde que o atual acordo entre Londres e Washington foi promulgado.
A mãe de McKinnon, Janis Sharp, comemorou a decisão de mantê-lo em solo britânico e agradeceu Theresa May por "ter tido a força e a coragem de fazer a coisa certa".
David Burrowes, parlamentar que representa a comunidade de McKinnon no norte de Londres e que tinha ameaçado renunciar ao cargo caso o escocês fosse enviado à Justiça americana, também celebrou o anúncio. "Vimos hoje o cumprimento de promessas pré-eleitorais e uma demonstração de compaixão."
Mark Lever, diretor da Associação Nacional de Autistas da Grã-Bretanha, disse estar "encantado que os anos de espera estão finalmente encerrados para Gary e sua família".
Mas David Rivkin,ex-conselheiro da Casa Branca, disse que a decisão será malvista nos EUA. "(A justificativa de Theresa May) é deplorável", declarou ele à BBC. "No caso de um indivíduo que diz que vai cometer suicídio, as prisões americanas e o sistema penal têm excelentes históricos em impedir suicídios."
Nenhum comentário:
Postar um comentário