Gol: anúncio de queda na margem operacional fez ações despencarem
A Gol anunciou ontem um ajuste para baixo de sua margem operacional. A expectativa da companhia é que o indicador oscile entre 1% e 4% neste ano. No cenário anterior, a margem operacional estava prevista para fechar o ano entre 6,5% e 10%.
Segundo a empresa, a alta dos combustíveis e o aumento das despesas com a contratação de 395 copilotos aumentou muito os custos e comprometeu a previsão inicial de resultados. Somente nos gastos relacionadas a combustíveis a Gol diz ter gastado R$ 250 milhões a mais do que o previsto no primeiro semestre deste ano. As despesas representaram 40% dos custos totais da companhia aérea nos primeiros seis meses do ano.
Além desses dois fatores, a companhia decidiu descontinuar sua operação de voos fretados com seis aeronaves Boeing 767. A devolução antecipada de três aviões do modelo acarretou gastos adicionais de R$ 43 milhões no segundo trimestre. Prejuízos com o cancelamento de voos afetados pelo vulcão no Chile também contribuíram para o aumento das despesas.
A revisão das expectativas levou uma série de corretoras e bancos a rebaixar a recomendação dos papéis da companhia aérea. "Mesmo com o aumento dos custos, a Gol informou que tentará manter os preço das passagens, para continuar a atuar como uma operadora de baixo custo. Isso irá pressionar a sua margem, levando a empresa provavelmente a registrar prejuízo neste ano. Já era esperado que a Gol tivesse perdas em 2011, mas a revisão das expectativas piora ainda mais o cenário", diz Rosangela Rosângela Ribeiro, analista de aviação da corretora SLW.
A queda acentuada dos papéis da Gol nesta sexta-feira, no entanto, é vista como exagerada. "A reação [do mercado] foi forte demais. No curto prazo, devemos ver uma recuperação do preço das ações", afirma Rosângela.
O comunicado da Gol divulgado ao mercado também abalou a confiança dos investidores na TAM. Os papéis PN da empresa caíram 7,43% nesta sexta."O relatório acabou contaminando a avaliação do mercado sobre o setor. A TAM, no entanto, está em uma situação um pouco melhor do que a Gol por ter uma rentabilidade um pouco maior, já que opera em mais rotas internacionais", diz Rosângela.
Apesar da estimativa de resultados fracos, o setor de aviação doméstica é visto como um dos segmentos promissores da economia brasileira. A própria Gol, no mesmo documento em que revisa suas expectativas, aumentou de 12% para 18% a perspectiva de crescimento do segmento de aviação, após de uma alta já confirmada de 21,5% no primeiro semestre deste ano. Em junho, segundo dados da Iata, o Brasil foi o país que registrou o maior crescimento no tráfego aéreo no mundo.
Apesar de ter começado o dia em queda, a Bovespa fechou esta sexta com leve alta de 0,20%, aos 58.823 pontos.
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