A turnê mais tecnologicamente avançada da história chega hoje ao Brasil
para três shows esgotados sob o comando de Bono, Edge, Larry e
Adam, os irlandeses que definem, desde as turnês dos anos 90, o padrão
das superproduções de arena no mundo do rock. U2 360°, que a banda
tocará do centro do Morumbi para um público que vai se beneficiar de
uma visão igualmente distribuída para todos os lados, trata-se de um Avatar
da indústria musical. Técnicas de palco tiveram de ser desenvolvidas para
realizar os shows, que são feitos sob uma aranha gigante de 400 toneladas
e tem ainda uma tela de LCD circular e quatro sistemas de som que disparam
em todas as direções.

'É de longe o maior palco já montado e será a maior turnê de todos os tempos.
A ideia veio ao fim da turnê Vertigo, em 2006. Bono caminhava pelo estádio
Aloha de Honolulu com o designer Willie Williams, e perguntou: 'será que
conseguimos tocar em volta do estádio inteiro?'', conta o diretor da turnê
Craig Evans, que já trabalhou com os Rolling Stones, Paul McCartney e
Meatloaf. 'A ideia se concretizou algum tempo depois, quando eles estavam
jantando. Bono juntou quatro garfos em cima de seu prato e mostrou para Willie',
explica.

A partir daí, foram dois anos de planejamento. Engenheiros, designers e peritos
em som e vídeo foram contratados para desenvolver o projeto. 'Em qualquer outra
turnê, o sistema de telas é feito para tocar para frente, só. O sistema do 360 é
montado em cima do palco e teve de ser conectado de maneira que aparente
uma tela circular contínua. Então a visão é igualmente vantajosa para todos,' conta.

Para dar a volta ao mundo com um esquema deste porte, o U2 tem três palcos
que se revezam. Enquanto um está montado, outro está sendo desmontado e um
terceiro está a caminho do próximo show. Tudo funciona como um relógio sob
a batuta de Evans, que é responsável por 240 profissionais, 209 caminhões
e motoristas e ainda contrata mão de obra local para auxiliar na montagem dos
palcos faraônicos.

No Morumbi, conta Craig, a operação foi mais complicada, pois o estádio
não possui um túnel que abrigue um dos 209 caminhões que viajam com
as estruturas. Tudo teve de ser desmontado fora do estádio e empurrado
para dentro.

Para o 360 tour, o U2 quis beneficiar os fãs mais assíduos. Como o palco é
circular, não há a tradicional área VIP, presença constante em todos as
apresentações desta nova era de grandes shows no País. Os primeiros 2,800
fãs terão o privilégio de assistir ao show do gramado, aos pés do palco de três
metros de altura. Quem quis pagar mais para ficar próximo, em uma área mais
confortável, assistirá da Red Zone. É uma área VIP, mas todo o lucro beneficiará
instituições de caridade. 'Isto acontece desde a Vertigo', explica a fã Vanessa
Almeida, que está acampada em frente ao estádio desde terça-feira para garantir
o primeiro lugar da fila. 'Eu acho que o U2 quer lucrar mas eles fazem isso por
amor também', completa.

Mania de grandeza
209
caminhões viajam com a banda
240
profissionais envolvidos
400
toneladas é o peso da 'aranha'