Suspensão imediata
Governo não poderá veicular propagandas sobre Previdência Social
A decisão da Justiça Federal do Distrito Federal tem eficácia imediata e vale para todo o país.
1 DEZ 2017
Por G1
07h:31
A
Justiça Federal do Distrito Federal suspendeu nesta quinta-feira (30) a
veiculação de propagandas do governo federal sobre a reforma da
Previdência Social. A decisão tem eficácia imediata e vale para todo o
país.
Procurada, a Advocacia Geral da União (AGU) informou que recorrerá contra a decisão assim que for intimada.
A decisão da Justiça Federal foi emitida às 17h, e o governo, comunicado às 17h47 (de maneira eletrônica).
Na decisão, a juíza Rosimayre Gonçalves de Carvalho, da 14ª Vara
Federal de Brasília, impôs, ainda, multa de R$ 50 mil por dia em caso de
desobediência.
Entenda o caso
A ação foi apresentada pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais
da Receita Federal (Anfip) contra anúncios na TV, rádio, jornais,
revistas, internet e outdoors da campanha "Combate aos Privilégios".
Nas propagandas, o governo diz que, com o "corte de privilégios", o
país terá mais recursos para cuidar da saúde, educação e segurança.
A Anfip, porém, argumenta que as peças não têm cunho educativo, como
manda a Constituição, e apresentam mensagem "inverídica" sobre as
mudanças nas regras de aposentadoria.
Ao analisar o caso, a juíza Rosimayre concordou com a entidade,
destacando que, na propaganda, o governo promove "desqualificação de
parte dos cidadãos brasileiros", em referência aos servidores públicos.
"A despeito de nada informar, propaga ideia que compromete parcela
significativa da população com a pecha de 'pouco trabalhar' e ter
'privilégios', como se fosse essa a razão única da reforma".
Rosemayre Carvalho deu como exemplo a seguinte frase veiculada na
propaganda: "O que vamos fazer de mais importante é combater os
privilégios. Tem muita gente no Brasil que trabalha pouco, ganha muito e
se aposenta cedo."
'Desinformação'
Ao determinar a suspensão da propaganda, a magistrada também
considerou como "desinformação" a ideia de que haverá mais recursos para
o governo investir em outras áreas se a reforma for aprovada.
Rosemayre Carvalho lembrou que a propaganda não veicula que o regime dos servidores é diferente dos trabalhadores da iniciativa privada.
"Leva a população brasileira a acreditar que o motivo do déficit
previdenciário é decorrência exclusiva do regime jurídico do
funcionalismo público, sem observar quaisquer peculiaridades relativas
aos serviços públicos e até mesmo às reformas realizadas anteriormente",
escreveu.
Reforma da Previdência
A proposta de reforma da Previdência Social foi enviada pelo governo
ao Congresso Nacional em dezembro de 2016 e chegou a ser aprovada na
comissão especial em maio deste ano, mas, desde então, não avançou por
falta de consenso.
Diante disso, o governo articulou com o relator, Arthur Maia
(PPS-BA), uma versão enxuta da proposta. O objetivo do presidente Michel
Temer é aprovar a reforma ainda neste ano, mas, mesmo com as mudanças,
líderes preveem dificuldades para a aprovação.
Com este cenário, Temer convocou para o próximo domingo uma reunião
com ministros, líderes de partidos da base e presidentes de legendas
aliadas para definir as estratégias para a votação da reforma ainda
neste ano.
Nesta
quarta (29), representantes de centrais sindicais pediram ao presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que deixe a votação da reforma para o
ano que vem.
Mais cedo, nesta quinta, Rodrigo Maia – que tem defendido que a
votação aconteça ainda neste ano – disse que só colocará a reforma na
pauta quando tiver a certeza de que haverá votos suficientes para
aprovar a proposta.
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