7 acontecimentos e descobertas que fizeram de 2017 um ano incrível para a ciência
O ano que termina foi marcado por descobertas incríveis no mundo da
ciência, algumas delas consagrando técnicas revolucionárias para salvar
vidas ou observar fenômenos no espaço, e, nesse caso, a ajudar a
entender melhor o Universo.
Foi o ano do "sacrifício" da Cassini, a sonda que desvendou segredos de
Saturno, mas também o ano da descoberta de um sistema planetário com
sete planetas semelhantes à Terra orbitando um mesmo sol.
Além disso, foi em 2017 que cientistas conseguiram desativar genes
defeituosos no embrião abrindo uma importante frente na luta contra
doenças hereditárias fatais.
Relembre os principais destaques da ciência no ano, alguns dos quais prometem muitas novidades em 2018.
1. Colisão de estrelas confirma previsão de Einstein
Para a comunidade científica, 2017 entrará para a história como o ano das ondas gravitacionais.
Em agosto, astrônomos dos observatórios Ligo, nos Estados Unidos, e
Virgo, na Itália, conseguiram observar pela primeira vez a colisão entre
duas estrelas mortas, ou estrelas de nêutrons, graças à detecção de
ondas gravitacionais - flutuações no espaço-tempo previstas por Einstein
há mais de um século.
A primeira detecção das ondas gravitacionais fora anunciada em 2016,
quando o observatório Ligo descreveu o fenômeno após analisar a fusão de
dois buracos negros distantes. Na época, o evento foi considerado o
início de um novo ramo da astronomia, que usa as ondas gravitacionais
para coletar dados sobre fenômenos que ocorrem a grandes distâncias.
A de agosto de 2017 foi a quarta vez na história em que eram detectadas
ondas gravitacionais, e a primeira observação, por observatórios do
mundo todo, de uma colisão de estrelas de nêutrons, o que levou a
revista Sience a escolher o evento como a descoberta do ano.
"A explosão confirmou vários modelos-chave da astrofísica, revelou como
surgiram vários elementos pesados e testou a Teoria da Relatividade (de
Einstein) como nunca antes", justifica a Science.
A colisão ocorreu em uma galáxia na constelação de Hidra.
Alguns dos fatos ligados ao evento são impressionantes. Por exemplo, as
estrelas de nêutron são tão densas que uma colher de chá de uma delas
pesaria um bilhão de toneladas.
Os pesquisadores também confirmaram que este tipo de colisão estelar é a
origem do ouro e da platina no universo. "Essas estrelas são um
laboratório de física extrema: é um material exótico, rico em nêutrons;
e, quando são desmembradas, gera-se radiação exótica (...) que produz
elementos como o ouro. É algo muito empolgante", explicou o astrônomo
inglês Martin Rees na ocasião da descoberta.
A sonda Cassini chegou às proximidades de Saturno em 2004. Nos 13 anos
em que esteve ativa, os dados coletados por ela transformaram nossa
compreensão do planeta e de suas luas.
O veículo descobriu gêiseres espirrando água de um oceano subterrâneo
no satélite gelado Encélado, observou de perto os mares e lagos de
metano na maior lua de Saturno, Titã, e testemunhou uma tempestade
gigantesca que circundou o planeta dos anéis.
Mas a Cassini começou a ficar sem combustível, e a Nasa decidiu que era
melhor destruir o satélite na atmosfera de Saturno, para que ele não
colidisse com uma das luas, por exemplo, e a contaminasse com micróbios
terrestres.
No dia 15 de setembro, a Cassini mergulhou nas nuvens do planeta e se
rompeu por completo - e ainda conseguiu mandar dados durante seus
últimos momentos.
Enquanto isso, cientistas da Nasa acompanhavam, emocionados, o fim da missão de mais de uma década.
3. Um iceberg gigante se forma
Em meados de julho, pouco depois do anúncio de Trump, um dos maiores
icebergs já registrado pela ciência se desprendeu da plataforma de gelo
Larsen C, na Antártida.
Os cientistas já vinham acompanhando o aumento de uma imensa rachadura na superfície do gelo há uma década.
O bloco imenso de gelo cobria uma área de cerca de 6 mil km² - e representava cerca de 12% da plataforma Larsen C.
A formação de icebergs das bordas de plataformas de gelo é comum. No
entanto, os pesquisadores dizem que a Larsen C está, agora, em seu menor
tamanho desde o fim da última Era do Gelo, há cerca de 11.700 anos.
Ainda será preciso estudá-la mais para entender como a plataforma está respondendo ao aquecimento global.
O futuro da plataforma também é incerto, mas, se ela entrar em colapso,
poderia liberar geleiras com água suficiente para aumentar os níveis
globais dos oceanos em um centímetro.
4. Edição genética contra doenças
Pela primeira vez na história, uma equipe de cientistas dos Estados
Unidos e da Coreia do Sul conseguiu corrigir, em embriões humanos, um
gene defeituoso responsável por uma doença cardíaca mortal hereditária
que afeta uma a cada 500 pessoas. Eles usaram a técnica da edição
genética.
A doença, chamada de miocardiopatia hipertrófica - pode fazer com que o coração pare de bater, provocando uma morte súbita.
Ela é causa por um erro em um só gene (uma instrução no DNA) e qualquer
pessoa que o tenha tem 50% de chances de transmiti-lo a seus filhos.
A nova técnica de edição do gene, realizada durante a concepção do
embrião na fertilização in vitro, foi desenvolvida no ano passado na
Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e é descrita como uma
"cirurgia química" de precisão.
O procedimento abre a porta para a prevenção de cerca de 10 mil
distúrbios que são transmitidos de geração a geração, segundo os
pesquisadores.
Em setembro, outra equipe - desta vez da China - disse ter conseguido
corrigir embriões humanos que continham o gene recessivo de uma doença
hereditária do sangue conhecida como talassemia. Neste caso, as duas
cópias do gene (a que vem do pai e a que vem da mãe) contêm a mutação.
5. Sete planetas como o nosso
Em fevereiro, cientistas relataram a descoberta de um sistema
planetário com sete planetas de tamanho similar ao da Terra. Todos
orbitavam uma estrela chamada de TRAPPIST-1, que fica a 41 anos-luz do
Sol.
A estrela - fria e com pouca massa - fica na constelação de Aquário. É a
primeira vez que são descobertas estrelas de tamanho tão semelhante ao
nosso orbitando a mesma estrela.
Isso poderia indicar que a Via Láctea está, na realidade, repleta de
corpos celestes que se parecem, em tamanho e relevo, ao nosso mundo
rochoso.
Três dos planetas da TRAPPIST-1 estão na chamada zona habitável,
órbitas relativamente temperadas onde a água pode permanecer líquida na
superfície.
Estes são alguns dos planetas mais interessantes para serem explorados
nos próximos anos. Se pode haver água, pode haver alguma chance de vida.
6. Um novo membro da família
Em julho, pesquisadores revelaram os fósseis de cinco humanos
pré-históricos encontrados no norte da África que mostravam que a nossa
espécie, o Homo sapiens, teria surgido ao menos 100 mil anos antes do
que se acreditava.
A descoberta indica que nossa espécie não teria se desenvolvido em um
único "berço" no leste da África. Na verdade, os humanos modernos
poderiam estar evoluindo na mesma direção em todo o continente.
O ano de 2017 também teve outras grandes notícias no campo da evolução
humana. Pesquisadores chamaram a atenção de todo o mundo quando, em
2015, mostraram os restos de 15 esqueletos parciais pertencentes a uma
nova espécie de humano, o Homo naledi.
Na época, no entanto, eles não conseguiam determinar com certeza a
idade dos ossos - alguns traços sugeriam que eles pudessem ter até 3
milhões de anos de idade.
Este ano, o líder da equipe, Lee Berger, anunciou que os fósseis tinham
entre 200 mil e 300 mil anos. Longe de ser um ancestral do Homo
sapiens, o Homo naledi pode, na verdade, ter convivido com membros da
nossa espécie.
Mesmo prevendo há anos que seríamos visitados em algum momento por um
asteroide interestelar, 2017 foi a primeira vez em que vimos um.
Descoberto por uma equipe de cientistas usando o telescópio havaiano Pan-Starrs em outubro, o objeto foi batizado de "Oumuamua", que significa "mensageiro de longe que chega primeiro" na língua local.
Sua velocidade e trajetória foram os primeiros indicativos de que ele vinha de fora do nosso Sistema Solar.
Mas o Oumuamua não é só o primeiro visitante de fora, mas também um dos corpos celestes mais longos que já se viu. Seu formato, semelhante a um charuto, chamou a atenção dos pesquisadores.
Uma campanha de observação do objeto usando os telescópios mais potentes do mundo mostrou que ele não levava algum tipo de tecnologia inteligente, mas que poderia conter água em seu interior.
Descoberto por uma equipe de cientistas usando o telescópio havaiano Pan-Starrs em outubro, o objeto foi batizado de "Oumuamua", que significa "mensageiro de longe que chega primeiro" na língua local.
Sua velocidade e trajetória foram os primeiros indicativos de que ele vinha de fora do nosso Sistema Solar.
Mas o Oumuamua não é só o primeiro visitante de fora, mas também um dos corpos celestes mais longos que já se viu. Seu formato, semelhante a um charuto, chamou a atenção dos pesquisadores.
Uma campanha de observação do objeto usando os telescópios mais potentes do mundo mostrou que ele não levava algum tipo de tecnologia inteligente, mas que poderia conter água em seu interior.
Ao medir a maneira como o Oumuamua reflete a luz do sol, os
pesquisadores concluíram que ele é semelhante a objetos gelados do nosso
próprio sistema solar, que estão cobertos por uma camada seca.
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