Aécio confirma pedido de R$ 2 milhões e diz que foi em caráter pessoal
O senador Aécio Neves está absolutamente tranquilo quanto à
correção de todos os seus atos. No que se refere à relação com o senhor
Joesley Batista, ela era estritamente pessoal, sem qualquer envolvimento
com o setor público", afirma a nota divulgada pelo tucano; Aécio pediu e
recebeu R$ 2 milhões em dinheiro vivo, disse que a entrega deveria ser
feita por alguém que eles pudessem matar antes de ser delator e entregou
o dinheiro à família Perrela, do famoso Helicoca; senador pode ser
preso a qualquer momento
Por Marcela Ayres e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) -
Apontado como alvo de uma gravação em que teria pedido 2 milhões de
reais ao empresário Joesley Batista, um dos donos do frigorífico JBS, o
presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) disse estar "absolutamente
tranquilo quanto à correção de todos os seus atos" e afirmou que sua
relação com o empresário era "estritamente pessoal".
Segundo reportagem do O
Globo, confirmada pela Reuters com três fontes com conhecimento do
assunto, Joesley gravou o pedido de Aécio e a cena foi filmada pela
Polícia Federal.
"O senador Aécio Neves está
absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos. No que
se refere à relação com o senhor Joesley Batista, ela era estritamente
pessoal, sem qualquer envolvimento com o setor público", afirma a nota
divulgada pelo tucano.
"O senador aguarda ter acesso ao conjunto das informações para prestar todos os esclarecimentos necessários."
Aécio, que até recentemente
era apontado como possível candidato à Presidência nas eleições de
2018, já teve o nome mencionado em delações da Lava Jato e seu nome tem
perdido força quando se trata da disputa nacional, o que deve se agravar
com a acusação desta quarta.
Presidente do diretório
municipal do PSDB em São Paulo, o vereador Mario Covas Neto, filho do
falecido ex-governador paulista Mario Covas, figura histórica do
tucanato, divulgou vídeo em que defende que Aécio deixe o comando
nacional do partido.
"Senador Aécio Neves, chegou a hora de o senhor sair da presidência nacional do PSDB", afirma Covas Neto no vídeo.
"O senhor (Aécio) não tem
mais condições de presidir o partido. Não dá para alguém que está sendo
acusado de uma série de coisas ficar à frente de um partido que foi
criado sob a égide da ética, da correção e da boa gestão pública."
DEPUTADO ALIADO A TEMER
A reportagem de O Globo
também afirma que Joesley Batista gravou uma conversa com Temer em que o
presidente dá aval para a compra do silêncio do ex-deputado federal
Eduardo Cunha. Na conversa, Temer também indica ao empresário o deputado
Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver um assunto da J&F, holding que
controla a JBS.
Loures, de acordo com o jornal, foi filmado recebendo 500 mil reais enviados por Joesley.
Em nota, a assessoria do
deputado disse que ele está fora do país e que, quando retornar, o que
deve acontecer na quinta-feira, "deverá se inteirar e esclarecer os
fatos divulgados".
(Reportagem adicional de
Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito, em Brasília; e de Brad Brooks, em
São Paulo; Texto de Eduardo Simões)
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