O estado norte-americano da Georgia executou hoje o mais velho dos seus condenados no corredor da morte, apesar da mobilização dos seus advogados que denunciaram a injustiça da aplicação tardia da pena capital
A injeção letal foi aplicada a Brandon Jones numa prisão da cidade de Jackson, a menos de duas semanas de completar 73 anos, indicou um porta-voz da administração penitenciária à agência AFP.
O afro-americano Brandon Jones, que foi condenado por matar um comerciante branco em 1979, passou mais de 36 anos atrás das grades.
Os seus advogados interpuseram na terça-feira os últimos recursos junto da justiça do estado da Georgia e do Supremo Tribunal de Washington para protelar a execução, os quais foram indeferidos.
Para muitos, o destino daquele homem simboliza a "dupla pena" à qual são submetidos certos condenados nos Estados Unidos, que passam décadas presos com a única perspetiva de que a sua morte irá chegar.
Num parecer datado do ano passado, o juiz do Supremo Stephen Breyer denunciou a longa duração que desafia a razão e que prejudica o fundamento punitivo da pena capital.
Especialistas afirmam ainda que inúmeros detidos no corredor da morte condenados numa altura em que não podiam dispor de um sistema de defesa satisfatória e que, julgados pelos mesmos feitos atualmente, escapariam à pena de morte.
Este caso "levanta a questão da proporcionalidade e da aplicação discriminatória da pena de morte", apontou o Centro de Informação sobre a Pena Capital (DPIC).
Brandon Jones e um cúmplice, identificado como Van Solomon, roubaram uma estação de serviço quando foram confrontados com o gerente, que foi morto a tiro.
Brandon Jones negou ter sido ele a disparar e as autoridades nunca determinaram quem atirou.
Van Solomon, também negro, morreu na cadeira elétrica em 1995.
Brandon Jones chegou a ver o seu processo anulado, mas voltou a ser condenado à morte.
Durante as décadas na prisão, lia muito e ficou conhecido pelos seus escritos sobre a vida no cárcere e as questões raciais.
Setenta e cinco pessoas encontram-se atualmente no corredor da morte na Georgia, sudeste dos Estados Unidos, estado que suspendeu por vários meses em 2015 as execuções devido à controvérsia em torno do produto utilizado nas injeções letais.
Os Estados Unidos executaram 28 pessoas no ano passado, o número mais baixo desde 1991.
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