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sábado, 2 de janeiro de 2016

Arábia Saudita executa líder xiitae provoca protestos em vários países

Edição do dia 02/01/2016
02/01/2016 22h07 - Atualizado em 02/01/2016 22h07

 

O governo da Arábia Saudita executou, neste sábado (2), 47 presos
acusados de terrorismo, entre eles um líder religioso.

O governo da Arábia Saudita executou, neste sábado (2), 47 presos acusados de terrorismo, entre eles um líder religioso. A morte dele provocou protestos em países de maioria muçulmana.
As execuções foram simultâneas, em 12 prisões diferentes da Arábia Saudita. Em oito, os presos foram decapitados. No restante, fuzilados.
O porta-voz do ministro do Interior deu o recado: "Qualquer um que cometa atos terroristas vai ser levado à Justiça."
Muitos dos 47 presos tinham ligação com o grupo terrorista Al-Qaeda. Entre eles, Adel al-Dubayti, acusado de matar em 2004 um cinegrafista que trabalhava a serviço da rede britânica BBC.

O que gerou revolta foi a execução do sheik Nimr al-Nimr. Líder xiita, Nimr era crítico da família real da Arábia Saudita.

Em 2011, durante a Primavera Árabe, ele apoiou os protestos contra o governo na província do leste do país. Pediu eleições e o fim da discriminação à minoria xiita. Foi preso um ano depois, acusado de atirar em policiais.

Os protestos contra a morte do sheik reuniram manifestantes na Arábia Saudita, na Índia, no Paquistão e no Bahrein.
A execução do sheik aumentou a tensão entre as duas maiores potências islâmicas do Oriente Médio: a Arábia Saudita, de maioria sunita e que tem o apoio dos Estados Unidos, e o rival Irã, de maioria xiita, que tem uma influência crescente no Iraque e na Síria. O Irã já avisou que a Arábia Saudita vai pagar um preço alto pelo que fez.

Na internet, o líder supremo do Irã, o aiatolá Khamenei, chamou o sheik de mártir. E comparou as execuções da Justiça saudita às do Estado Islâmico.

A chefe de política externa da União Europeia alertou que a execução de Nimr pode inflamar as tensões e ter consequências perigosas para a região. No ano passado, a Arábia Saudita executou 157 presos, o maior número em 20 anos.
Radicalismo, entre os sauditas, é elogio. E a religião tem muito a ver com isso. Noventa e sete por cento dos que vivem no país são muçulmanos, a maioria da corrente wahhabista, considerada a mais radical do mundo islâmico.

Analistas concordam que as marcas da interpretação que a Arábia Saudita faz do Alcorão, o livro sagrado do islamismo, são o exagero e o extremismo.

Todos são obrigados a respeitar ao pé da letra a Sharia, o código de leis muçulmanas, e a viver de acordo com o que é descrito nas hadiths, uma coletânea de histórias sobre ditos e feitos do profeta Maomé, 1.300 anos atrás.
Embora o governo saudita condene com vigor o terrorismo internacional, muitos analistas dizem que foi esse islã ultraconservador que acabou dando origem a muitos extremistas que aterrorizam o mundo.
Osama Bin Laden nasceu lá, assim como 15 dos 19 terroristas que atacaram os Estados Unidos em 2001. A Arábia Saudita não é signatária da convenção universal dos direitos humanos da ONU, e é criticada pela pena de morte e pela maneira como ela é praticada.
Um porta-voz do governo americano declarou que os Estados Unidos temem que a execução aumente a tensão no Oriente Médio e pediu que a Arábia Saudita respeite os direitos humanos e permita manifestações pacíficas de oposição. E, na noite deste sábado, manifestantes atacaram a embaixada saudita na capital do Irã.

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