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terça-feira, 24 de junho de 2014

Seis inovações que emplacaram (ou quase) nas Copas

Mark Mitchener

Atualizado em  24 de junho, 2014 - 12:45 (Brasília) 15:45 GMT
Reuters
O português Pepe é expulso no jogo contra a Alemanha; cartões são usados em Copas desde 1970
A Copa do Mundo de 2014 tem apresentado inovações importantes: como o uso da tecnologia para a confirmação de gols e o uso de spray para marcação de barreiras, ferramentas introduzidas pela primeira vez em um Mundial.
O segundo gol da França contra Honduras na Copa do Mundo 2014 ficará marcado como o primeiro gol atestado pelo recurso tecnológico, que avalia se a bola cruzou a linha de fundo; o spray tem ajudado árbitros a manter jogadores de defesa distantes das cobranças, principalmente quando ocorrem perto da grande área.
Ao que parece, essas novidades vieram para ficar. Conheça outras inovações que mudaram - ou quase mudaram - as Copas.

Cartões vermelho e amarelo (desde 1970)

Agora tão comuns como o apito, os cartões amarelos e vermelhos foram fruto da imaginação do árbitro inglês Ken Aston, que apitou a notória partida entre Chile e Itália na Copa do Mundo de 1962 – um dos jogos mais agressivos da história das Copas.
Aston chefiou também a arbitragem da Copa seguinte, em 1966 na Inglaterra, quando houve confusão entre jogadores da Argentina e os anfitriões nas quartas de final, e o capitão argentino Antonio Rattin se recusou a deixar o campo após ser expulso.
Dirigindo seu carro em uma rua comercial de Kensington, em Londres, Aston teve a ideia dos cartões quando parou nos semáforos: "O semáforo ficou vermelho e eu pensei, 'Amarelo, vá com calma, vermelho, pare, você está fora'".
Não possuindo barreiras linguísticas, os cartões vermelhos e amarelos foram introduzidos na Copa do Mundo de 1970 e foram adotados em todo o mundo – inclusive, há variantes deles em muitos outros esportes.
O que aconteceu depois?
O árbitro alemão Kurt Tschenscher mostrou cinco cartões amarelos no jogo de abertura da Copa do Mundo de 1970 entre México e URSS, mas nenhum cartão vermelho foi mostrado no Mundial.
No dia 14 de junho de 1974, o jogador do Chile Carlos Caszely foi o primeiro a levar com um cartão vermelho em uma Copa do Mundo, depois de uma segunda advertência.
Na Copa de 2006, o árbitro inglês Graham Poll ficou famoso ao levantar erroneamente três cartões amarelos para o zagueiro croata Josip Simunic, antes de levantar um vermelho.

Substituições (desde 1970)

Quando Geoff Hurst marcou seu terceiro gol consecutivo na final da Copa de 1966 pela Inglaterra, o jogador que ele substituiu, Jimmy Greaves, estava assistindo a partida do lado de fora, vestido de terno e gravata. É que as substituições não eram autorizadas na Copa do Mundo até 1970.
O primeiro suplente em uma partida de futebol foi Keith Peacock, que jogava pelo Charlton Athletic Football Club no campeonato inglês, no dia 21 de agosto 1965. Mas em Copas do Mundo, a honra é do soviético Anatoliy Puzach, no jogo de abertura contra o México, em 1970.
O que aconteceu depois? Até 1990, as equipes só podiam nomear cinco suplentes e, dentre eles, apenas dois podiam ser usados.
A partir de 1994, todos os membros da equipe – com exceção dos jogadores suspensos – podem ser suplentes. Naquela Copa, o número de substituições era limitado a dois jogadores e o goleiro; desde 1998, três substituições quaisquer são permitidas.

Pênaltis (desde 1978)

AP
O italiano Roberto Baggio lamenta o pênalti perdido na final contra o Brasil, na Copa de 1994
Novos jogos ou mesmo sorteio eram métodos tradicionais para definir um vencedor após um empate - a Itália, por exemplo, venceu a Iugoslávia no Campeonato Europeu de 1968 em um jogo extra realizado dois dias após a final.
A decisão por pênaltis começou a ser usada em competições de clubes na Europa desde 1970.
Adotada para o torneio Mundial de 1978, a medida acabou só sendo necessária na Copa seguinte, de 1982, quando a Alemanha Ocidental bateu a França na fase semifinal.
O que aconteceu depois?
Jogos de Copa do Mundo já foram concluídos nos pênaltis em 22 ocasiões, incluindo as finais de 2006 e 1994 - quando o Brasil venceu o Mundial depois que o italiano Roberto Baggio chutou para fora.
A Alemanha é o time mais bem-sucedido na disputa de pênaltis , com quatro vitórias e nenhuma derrota, enquanto a Inglaterra é conhecida por seus fracassos nessa área - é a única equipe a ter perdido três disputas na Copa do Mundo e nunca ganhou uma sequer.
Bélgica, Paraguai e Coreia do Sul têm o recorde de acertar 100% dos pênaltis ao marcar cinco gols em cinco chutes. A Suíça é o único país a errar todas as tentativas - perdeu por 3 a 0 para a Ucrânia em 2006.

Três pontos por vitória (desde 1994)

O prêmio de três (em vez de dois) pontos por vitória foi introduzido na Liga de Futebol Inglesa em 1981 em uma tentativa de incentivar mais o jogo ofensivo.
A novidade rapidamente foi adotada na maioria dos outros campeonatos importantes na década e meia seguinte, mas não foi empregada em umaCopa do Mundo até 1994.
O que aconteceu depois?
Na verdade, não teria feito diferença na classificação da primeira fase das Copas de 1994, 2002 ou 2006, quando as mesmas equipes teriam se qualificado para a fase eliminatória caso ganhassem dois pontos por vitória.
No entanto, em 1998, o Paraguai teria terminado na liderança do Grupo D à frente da Nigéria, o que teria lhes dado diferentes oponentes na segunda rodada, quando ambas as seleções foram eliminadas.
Em 2010, a Nova Zelândia - invicta depois de empatar todos os três jogos do grupo - teria se classificado para a segunda rodada no lugar da Eslováquia, que perdeu para a Holanda na fase eliminatória.
Os carros adotados em 1994 'não pegaram' e nunca mais foram usados em Copas

Os carros de golfe para jogadores lesionados (1994)

Uma das várias inovações para a Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, foi que, ao invés de ser tratado no campo ou retirado em uma maca, os jogadores eram recolhidos por um carrinho elétrico para receber tratamento médico.
Os veículos utilizados - parecidos com carros de golfe - acrescentaram um ar levemente cômico para uma Copa do Mundo colorida.
O que aconteceu depois?
Os carros de golfe não reapareceram nas Copas seguintes.
Ainda recentemente, no ano passado, o meia Javier Mascherano da Argentina foi expulso por chutar o motorista de um desses carros quando ele foi levado para fora durante partida contra o Equador nas eliminatórias da Copa do Mundo.

"Golden goals" (1998-2002)

Após um empate, o "golden goal" (gol de ouro) é o primeiro gol marcado na prorrogação - dois tempos de 15 minutos - e encerra a partida.
A partir de 1993, foi testado em competições menores, e ao longo da década de 90 passou a ser usado em campeonatos mais importantes, como a Copa da Uefa.
Quatro partidas de Copa do Mundo foram resolvidas com gols de ouro – em 1998, a França venceu o Paraguai; e, na Copa seguinte, a Coreia do Sul eliminou a Itália, o Senegal bateu a Suécia e depois foi eliminado da mesma forma pela Turquia.
O objetivo ao adotar o gol de ouro era promover o futebol de ataque, mas às vezes isso parecia ter o efeito inverso, com as equipes jogando de forma conservadora por medo de levar o gol decisivo.
O que aconteceu depois?
A Eurocopa de 2004 adotou uma variação, o "gol de prata", em que um jogo seria encerrado após o primeiro tempo da prorrogação, se um time estivesse na frente. Depois disso, porém, tanto o gol de prata como o de ouro pararam de ser utilizados.
O clube italiano Perugia ameaçou demitir o sul-coreano Ahn Jung-Hwan depois que ele desclassificou a Itália da Copa de 2002 com um gol de ouro. O jogador reagiu recusando-se a comparecer aos treinos para a pré-temporada dos campeonatos.

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