Tecido da roupa íntima e uso diário de absorvente podem ser causas da irritação
A
coceira vaginal
é um incômodo presente na vida de muitas mulheres, e pode indicar desde
uma simples alergia até a presença de doenças mais graves, como DSTs.
"Processos irritativos por algum produto externo, parasitoses, infecção
por
HPV,
candidíase,
alergias e doenças como psoríase, dermatites e até câncer tem como
sintoma comum a coceira vaginal", explica o ginecologista Fabio Laginha,
responsável pela Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho, em São
Paulo. No entanto, se não houver outros sintomas relacionados à coceira,
como secreção de coloração e odor estranho, dor ao urinar, vermelhidão,
inchaço e dor no ato de relação sexual, entre outros sinais, são
grandes as chances de ser uma irritação que pode ser controlada com a
mudança de alguns hábitos. A melhor forma de prevenir irritações
genitais é associar higiene correta, como lavar as mãos antes e depois
de ir ao banheiro, com visitas regulares ao seu ginecologista. Confira
as causas mais comuns de irritações na região íntima e fique livre da
coceira vaginal:
Uso inadequado do sabonete
"A higienização excessiva ou diminuída da área íntima pode levar a irritações porque altera a camada de
gordura
protetora da região, fundamental para manter a hidratação da pele e
proteger a microflora bacteriana vulvar", explica a ginecologista Rose
Amaral, do departamento de Ginecologia da Unicamp e diretoria da
Sociedade de Doenças Sexualmente Transmissíveis de São Paulo. Além
disso, a vagina tem um pH ácido, ao passo que os sabonetes normais
possuem pH alcalino ou neutro, e usá-los poderia causar alterações dessa
natureza na flora vaginal, prejudicando as bactérias da área e
favorecendo irritações. "Perfumes também podem ser irritantes, mesmo com
um
sabonete íntimo
adequado para a área, por isso os produtos devem ser os mais neutros
possíveis", explica a ginecologista Sueli Raposo, do laboratório Exame,
em Brasília. O correto é fazer a higiene da área pelo menos uma vez ao
dia, usando apenas a espuma e o produto que mais atende suas
necessidades - lembrando que quanto mais próximo do neutro, em questões
de odores e pH, melhor.
Tecido da roupa íntima
Outra causa de alergia e coceira vaginal muito
comum é o tecido da roupa íntima, que está em contato direto com a
vulva. "O melhor tecido vai variar de acordo com o organismo da mulher,
mas os mais recomendados para uso diário são algodão ou seda, sem
tingimentos", explica a ginecologista Flávia Fairbanks, de São Paulo. Os
tecidos que favorecem as irritações são os sintéticos, renda e
elastano. "Outra questão importante é o pH vaginal, que pode ser
alterado dependendo da lingerie usada, causando alergia", completa. Os
tecidos alergênicos também podem prejudicar a respiração da área,
favorecendo a transpiração e causando vermelhidão e coceira.
Roupa íntima com elástico apertado
"O uso de elástico apertado é desaconselhável,
pois provoca desconforto e traumatismos constantes", alerta a
ginecologista Rose. O ginecologista Fabio Laginha, explica que o
elástico muito apertado da roupa íntima causa atrito com a pele,
resultando em manchas escuras ou até mesmo varizes e celulite, além de
favorecer uma irritação. "Roupas íntimas muito apertadas também
prejudicam a ventilação local, aumentando as chances de coceira
vaginal", completa a ginecologista Flávia.
Calças muito apertadas
"Diversas são as infecções causadas por bactérias
ou fungos que podem ser provocadas pela dupla 'roupa apertada e suor',
entre elas está a candidíase", declara a ginecologista Flávia. Calças
apertadas e com tecidos pesados, como o jeans, causam aumento da umidade
e do calor na área íntima, tornando o ambiente ideal para a
proliferação desses micro-organismos.
Absorvente externo
"Mulheres podem desenvolver irritações e alergias ao
absorvente externo,
desde que este apresente odores fortes ou que ela seja mais sensível as
propriedades dos absorventes", explica Rose Amaral. Aqueles que não
levam algodão na cobertura pedem mais alerta, pois abafam a região com
mais facilidade. ?Após constatar que a irritação é pelo uso do
absorvente, deve-se tentar trocar a marca do produto ou então buscar
alternativas, como o
absorvente interno e o
copo menstrual."
Dependendo da gravidade da alergia, outra alternativa é a interrupção
da menstruação, que deve ser pensada junto a um ginecologista. "Para
todos os produtos, o melhor é obedecer o tempo de troca e manter a
região limpa", completa a ginecologista Flávia. Em alguns casos, a
alergia pode estar sendo causada pelo plástico que constitui as abas do
absorvente externo. Nesse caso, a simples substituição pela versão sem
abas pode minimizar a coceira vaginal. "Em caso de dúvida, converse com
seu ginecologista e peça exames laboratoriais para identificar qual a
razão da alergia."
Uso de absorventes diários
Seguindo a mesma lógica das roupas apertadas, o
uso de absorventes diários também é uma das causas de irritação e
coceira vaginal. "O produto irá causar um abafamento na área íntima, que
irá suar mais e será alvo fácil de micro-organismos, provocando
irritação e corrimentos", afirma a ginecologista Sueli.
Depilação na área íntima
Segundo a dermatologista Rose, a depilação em si -
seja com ceras ou lâminas -, deixa a pele da vulva com poros
entreabertos ou até mesmo com pequenas fissuras, favorecendo infecções.
Por isso, afirma a especialista, é importante focar nos cuidados pré e
pós depilação. "Higienizar bem a área antes e lavar e usar produtos
calmantes logo após o procedimento são fundamentais para evitar
irritações", explica. No caso de uma reação intensa pós depilação, lave
bem a área, use chás de camomila e procure seu ginecologista caso não
houver melhora. Também é importante que todo o material seja descartável
e de uso pessoal. "Na depilação da área íntima, é recomendado preservar
uma faixa de pelo com 2 cm em média, pois os pelos protegem a área,
evitando o atrito direto com roupas e absorventes", ressalta o
ginecologista Fabio.
Falta de higiene nas relações sexuais
A coceira vaginal e algumas irritações na área
podem surgir após uma relação sexual. Isso acontece no geral pela falta
de higiene da mulher ou do parceiro, bem como a falta de camisinha. A
ginecologista Sueli explica que o atrito da relação sexual pode causar
pequenas fissuras na pele, favorecendo uma irritação, e falta de higiene
antes do ato sexual aumenta as chances de uma contaminação. "O uso da
camisinha durante as relações sexuais pode diminuir esse atrito ou mesmo
o contato com micro-organismos que estejam presentes no corpo do
parceiro", completa a especialista.
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