Veja como foi o histórico da internet aqui no
Brasil que se iniciou em setembro de 1988. As conexões inicialmente
foram feitas em setor acadêmico e somente anos depois foi destinada a
usuários domésticos e empresas.
Por: Nícolas Müller
| Data: 23/04/2008 | atualização: 10/03/2013 20:25
No livro de Érico Guizzo, Internet:
O que é, o que oferece, como conectar-se (Editora Ática, 1999)
demonstra como foi o histórico da internet aqui no Brasil que se iniciou
em setembro de 1988. As conexões inicialmente foram feitas em setor
acadêmico e somente anos depois foi destinada a usuários domésticos e
empresas.
A internet no Brasil iniciou-se em setembro de 1988
quando no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC),
localizado no Rio de Janeiro, conseguiu acesso à Bitnet, através de uma conexão de 9 600 bits por segundo estabelecida com a Universidade de Maryland.
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Dois meses depois foi a vez da Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo (Fapesp) que também ligou-se à Bitnet, por meio de
uma conexão
com o Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), em
Chicago. Algum tempo depois, a Fapesp criou a rede ANSP (Academic
Network at São Paulo), interligando a Universidade de São Paulo (USP), a
Universidade de Campinas (Unicamp), a Universidade Estadual Paulista
(Unesp) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
(IPT). Mais tarde, ligaram-se à ANSP a Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).
Em maio de 1989, a Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) também ligou-se à rede Bitnet, através da Universidade da
Califórnia em Los Angeles (UCLA), constituindo-se no terceiro ponto de
acesso ao exterior. Em 1981 foi fundado o Ibase (Instituto Brasileiro
de Análises Sociais e Econômicas), autônomo e apartidário o Ibase sempre
teve como um de seus objetivos a disseminação de inframções a sociedade
civil. Isso incluía a democratização do acesso às redes de computadores no país.
Em meados da década de 80, o Ibase integrou-se a um
projeto internacional chamado Interdoc. Sua finalidade era o uso do
correio eletrônico para o intercâmbio de informações entre ONGs
(organizações não-governamentais) de todo o mundo. Participavam do
projeto dezenas de entidades da África, América Latina, Ásia e Europa.
Contudo, o uso desse sistema ainda era extremamente caro. Fazia-se
necessário encontrar meios alternativos para facilitar essa conexão
internacional e reduzir os custos de comunicação.
Alternex, um serviço internacional de mensagens e conferências
eletrônicas pioneiro no país. Através do Alternex era possível trocar
mensagens com diversos sistemas de correio eletrônico de todo o mundo,
incluindo a Internet. O Alternex foi, portanto, o primeiro serviço
brasileiro de acesso à Internet fora da comunidade acadêmica.
O brasileiro quer se conectar
A situação permaneceu assim até meados de 94, quando a Internet
ultrapassou as fronteiras acadêmicas e começou a chegar ao ouvido de
muitos brasileiros. No dia 17 de julho daquele ano, o jornal Folha de
S.Paulo dedicou a edição dominical do seu caderno Mais! à “superinfovia
do futuro”. E anunciava: “nasce uma nova forma de comunicação que ligará
por computador milhões de pessoas em escala planetária”.
Quase no final de 94, o governo brasileiro – que até então pouco
tinha feito pela Internet no Brasil – divulgava, através do Ministério
de Ciência e Tecnologia e do Ministério das Comunicações, a intenção de
investir na nova tecnologia. A criação da estrutura necessária para a
exploração comercial da Internet ficou a cargo da Embratel e da RNP.
No final de 94, a Embratel iniciou seu serviço de acesso à
Internet em caráter experimental. Cinco mil usuários foram escolhidos
para testar o serviço. Alguns meses depois, em maio de 95, o acesso à
Internet via Embratel começou a funcionar de modo definitivo. Mas a
exclusividade da Embratel no serviço de acesso a usuários finais
desagradou à iniciativa privada. Temia-se que a Embratel e outras
empresas de telecomunicações dominassem o mercado, criando um monopólio
estatal da Internet no Brasil.
Diante disso, o Ministério das Comunicações tornou pública a
posição do governo de que não haveria monopólio e que o mercado de
serviços da Internet no Brasil seria o mais aberto possível.
Ainda nesta época, foi criado o Comitê Gestor Internet Brasil,
com o objetivo de traçar os rumos da implantação, administração e uso da
Internet no país. Participariam do Comitê Gestor membros do Ministério
das Comunicações e do Ministério de Ciência e Tecnologia, representantes
de provedores e prestadores de serviços ligados à Internet e
representantes de usuários e da comunidade acadêmica. O Comitê Gestor
teria ainda como atribuições principais: fomentar o desenvolvimento de
serviços da Internet no Brasil, recomendar padrões e procedimentos
técnicos e operacionais, além de coletar, organizar e disseminar
informações sobre os serviços da Internet.
Apesar do mercado promissor, as coisas continuaram assim, meio
capengas, por todo o ano de 95. A Embratel e o Ministério das
Comunicações não facilitavam as iniciativas dos provedores privados: a
estrutura necessária não estava totalmente implantada e havia
indefinições sobre os preços a serem cobrados. Mesmo assim, uma dezena
de provedores já operava até o final de 95 conectados à Internet através
da Embratel. Outros, como a IBM e a Unisys, começaram a implantar suas
próprias conexões internacionais.
A Internet decola no país
O grande boom da rede aconteceu ao longo do ano de 1996. Um pouco
pela melhoria nos serviços prestados pela Embratel, mas principalmente
pelo crescimento natural do mercado, a Internet brasileira crescia
vertiginosamente, tanto em número de usuários quanto de provedores e de
serviços prestados através da rede.
Uma das provas de que a Internet realmente havia decolado no
Brasil veio no dia 14 de dezembro de 1996, quando Gilberto Gil fez o
lançamento de sua música Pela Internet através da própria rede, cantando
uma versão acústica da música ao vivo e conversando com internautas
sobre sua relação com a Internet.
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