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• atualizado às 08h08
O número de sírios que fugiram da guerra civil em seu país já superou,
muito antes do que todos os observadores humanitários tinham previsto, a
barreira de um milhão de pessoas, segundo os números apresentados nesta
quarta-feira pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).
Na próxima semana fará dois anos que o regime de Bashar al Assad
optou por reprimir violentamente as manifestações populares pacíficas,
uma decisão que desencadearia a formação de grupos rebeldes para
enfrentar as forças governamentais e, posteriormente, uma guerra civil.
Segundo os últimos dados enviados pelos escritórios do Acnur na
região, a metade dos refugiados do país são crianças, sendo que, entre
eles, a maioria tem menos de 11 anos.
O aumento da violência - com certas áreas controladas pelos rebeldes,
que também dominam a faixa norte que faz fronteira com a Turquia -,
assim como a deterioração dos serviços básicos e o colapso da economia,
aceleraram fortemente o êxodo nos últimos dois meses.
Do milhão de refugiados - registrados ou aos que o organismo da ONU
presta socorro como tais -, 400 mil são desde o último dia 1º de
janeiro, revelou a Acnur.
Em relação a esse dado simbólico, o alto comissário para os
Refugiados, António Guterres, reagiu lembrando que é preciso levar em
conta os "milhões de deslocados internos e os milhares de pessoas que
continuam cruzando as fronteiras a cada dia" para ter uma ideia mais
próxima do drama que os sírios vivem.
"A Síria está caminhando em direção a um desastre de grande escala", advertiu Guterres.
Guterres disse que tanto seu organismo como outros que atuam a favor
das vítimas da violência na Síria "fazem tudo o que podem", mas a
capacidade de resposta humanitária tem seus limites, tendo em vista que
os mesmos só recebem 25% do financiamento que se requer.
A Acnur rendeu tributo à "generosidade" dos países que estão
suportando, com suas fronteiras abertas, a entrada em massa de cidadãos
sírios, como: Líbano, Jordânia, Turquia, Iraque e, em menor medida,
Egito e outros países do norte da África.
Os refugiados chegam - a um ritmo de 10 mil por dia no total e a
diferentes países - exaustos, traumatizados e, em geral, somente com o
que carregam, já que tiveram que deixar para trás todos seus pertences.
Segundo a Acnur, os mesmos são amparados de diferentes formas,
variando de acordo com o país em que chegam, seja nas comunidades - onde
em algumas ocasiões encontram alojamento e hospitalidade dos residentes
-, mas também em acampamentos de campanhas ou contêineres.
Neste aspecto, Guterres enfatizou o severo impacto que esta situação
causa nos países mais afetados, como o Líbano, onde a chegada de
refugiados sírios - um total de 330 mil - supôs um aumento de 10% da
população do país.
Na Jordânia, com quase 317 mil refugiados sírios, todos os serviços
básicos - água, saúde e educação - estão sob pressão devido ao aumento
do número de habitantes, aos que as autoridades nacionais decidiram
garantir somente o essencial.
A Turquia já gastou US$ 600 milhões na construção e manutenção de 17 campos de refugiados, que já abrigam 185 mil refugiados.
No Iraque, os 105 mil refugiados sírios se somam com mais de um
milhão de deslocados internos, que fogem da violência interna. O Egito,
por sua vez, possui aproximadamente 43,5 mil refugiados, enquanto outros
países do norte da África já superam os 8 mil, indicou a agência da
ONU.
Guterres, por sua parte, anunciou que viajará nos próximos dias para
visitar as operações do organismo que dirige na Turquia, Jordânia e
Líbano.
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