15 de Junho de 2012 - 16:00
Terra
A discussão sobre desenvolvimento sustentável está longe de ser uma simples partida de futebol. Mas a verdade é que a bola do gol da vitória da Rio+20 está com o Brasil. O País assume esta noite a presidência da conferência e tem a missão de buscar um acordo que o comitê preparatório está longe de conseguir. O otimismo existe por parte da ONU, mas os impasses persistem, principalmente entre o G-77, grupo dos países em desenvolvimento, que ontem deixou as negociações sobre economia verde, para pressionar os países ricos.
"É difícil prever o que vai acontecer, mas o tempo é nosso maior inimigo neste momento, mas esperamos que tudo esteja definido até o dia 19, antes da chegada dos chefes de Estado", afirmou Nikhil Seth, chefe do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da ONU, durante a entrevista coletiva sobre as negociações do documento final do evento.
O diplomata afirma que 28% dos trabalhos estavam concluídos até a manhã desta sexta-feira, mas que esse número não o assusta, porque há vários acordos sendo fechados por pacotes entre as mesas de negociação, o que deve, segundo ele, elevar essa porcentagem até as 22h de hoje, quando o Brasil assume a presidência de maneira formal.
"Há 20 anos foram adotados vários princípios para os países desenvolvidos e os países com economias em transição, e o que se quer é que esses princípios sejam reafirmados aqui. Mas provavelmente isso só vai ser discutido em níveis mais altos" explicou Seth, afirmando que não existe um plano B para um fracasso nas negociações e negou que se esteja pensando em fazer outra conferência complementar em 2013 para tentar chegar a acordos que a Rio+20 provavelmente não vá alcançar.
As maiores divergências seguem sendo entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento sobre a forma de financiamento. O Brasil assume a negociação com a função de, junto aos mediadores que já estão trabalhando, buscar fórmulas e acordos de forma mais concreta. "O importante é não perdermos mais terreno com o que está avançado. Não podemos retroceder", disse Nikhil Chandavarkar, chefe de comunicação da Rio+20. E como para avançar às vezes é preciso dar um passo atrás, existe até a possibilidade de que, em alguns casos, um ou outro texto em discussão seja totalmente modificado ainda hoje, de forma a que se chegue a um consenso.
"O moderador que está examinando as metas de desenvolvimento sustentável achou melhor rediscutir o conceito e tentar chegar a um texto mais próximo de um acordo, por isso o otimismo existe, mas é cauteloso", disse Nikhil Seth.
O G-77 chegou a abandonar a negociação para tentar pressionar os países ricos a um acordo. Para o diretor do Centro de Informações da ONU, o italiano Giancarlo Summa, é natural que pobres e ricos tenham divergências. "O que o secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon pede é que todos tenham uma olhar generoso em relação ao futuro", disse Summa, lembrando que desde o G-77 foi criado na década de 70, países como Brasil e China eram pobres e hoje tem uma posição de grande destaque como potências econômicas mundiais.
E esse papel econômico importante desses países é um dos principais questionamentos dos países da zona do Euro para que as responsabilidade de financiamento sejam rediscutidas antes de um acordo na Rio+20. "Mas a crise não pode ser motivo para não se chegar a um acordo. A crise existe, mas vai acabar. Não sei quando, porque senão estaria na bolsa agora, não aqui, mas a crise acaba e os problemas vão continuar e por isso é preciso se chegar a um acordo", explica.
Giancarlo Summa defende o papel da ONU, que surge justamente para que os países possam discutir seus problemas, dialogar, buscando seus interesses. Mas que todos precisam pensar juntos e a longo prazo.
Ainda há tempo, mas os times parecem estar dispostos a esperar a prorrogação acabar e o nosso árbitro, no caso o Brasil, decidir, em que lado do campo, os pênaltis vão ser cobrados. A torcida espera não por um vencedor, mas a garantia de que o jogo no planeta ainda vai seguir por muito tempo.
Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.
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