Tradutor - Select your language

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Mercado de ilícitos movimenta mais de R$ 15 bilhões em São Paulo

Mercado de ilícitos movimenta mais de R$ 15 bilhões em São Paulo

Levantamento realizado pela FIESP mostrou os impactos negativos da venda de produtos contrabandeados e falsificados no estado
07/12/2017 - 18H22 - ATUALIZADA ÀS 18H31 - POR KARINA CAMPOS COM EDIÇÃO DE ANDRESSA BASILIO
25 de março - comércio  (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil)
















O mercado ilícito dos setores de alimentos e bebidas, automotivo, brinquedos, eletrônicos, higiene, medicamentos, químicos, tabaco e vestuário movimentou mais de R$ 15 bilhões no estado de São Paulo em 2016. Por conta disso, quase 90 mil empregos formais deixaram de ser gerados. Os dados foram divulgados no anuário 2017 de Mercados Ilícitos Transnacionais em São Paulo, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).
Dentre os setores apresentados na pesquisa, tabaco é o de maior valor de mercado, que movimentou, no mercado ilegal, R$ 5,89 bilhões durante o ano. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e com dados apresentados no Fórum de Tabagismo da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), cerca de 30% dos cigarros consumidos no Brasil são falsificados ou contrabandeados.
Segundo Rodolpho Ramazzini, diretor da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), existem alguns problemas no Brasil que fazem com que o mercado de ilícitos cresça ano a ano. "Existe demanda do consumidor final", diz. "Como a carga tributária de produtos legais é altíssima, o preço final desses produtos não é competitivo frente aos importados e falsificados". 

Ele enfatiza também a crise econômica, que leva a perda no poder de compra, principalmente das classes C, D e E. "Isso faz com que muitas pessoas optem pelos produtos ilegais". 

Para Edson Vismora, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial e do Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), a sociedade brasileira não entende a ilegalidade como um problema, e por isso não pressiona o poder público.
"O povo brasileiro não quer combater comércio ilegal. Todas as pesquisas feitas mostram que os brasileiros acham interessante comprar um produto mais barato. Muitos acreditam que não há problema comprar produtos contrabandeados, ou até roubados, desde seja vantajoso para o bolso", diz Vismora.  
Mesa mediada pelo jornalista Ricardo Boechat durante o evento de lançamento do Anuário de Mercados Ilícitos 2017 realizado pela FIESP (Foto: Divulgação FIESP)










A pesquisa também falou sobre o impacto para o desenvolvimento industrial, já que fatores ligados à violência podem desestimular ações empreendedoras das empresas, como abrir novos negócios ou filiais ou adotar novas estratégias de venda em locais mais afastados.
Mais de um terço (36%) das empresas que participaram da pesquisa tiveram suas decisões estratégicas afetadas graças à ocorrência de violência direta, como roubo de carga, ou de crimes contra a população em geral, como furto e roubos de celulares. 
De acordo com João Henrique Martins, coordenador do Observatório de Mercados Ilícitos do Departamento de Segurança (DESEG), a relação entre crime e decisões de desenvolvimento e crescimento da indústria é uma das externalidades mais críticas que a violência pode ter sobre o setor, porque evidencia consequências que a indústria sofre nas suas decisões a longo prazo e que podem afetar seu desempenho e o da economia como um todo no futuro.
Martins também observou que atualmente grande parte dos desses produtos que chegam ao consumidor final são vendidos através de plataformas de e-commerce. "O volume estimado de negociáveis online que correspondem à produtos falsificados ou contrabandeados é de aproximadamente R$ 20 bilhões". 

Nenhum comentário:

Postar um comentário